Publicado em : 03/11/2017 - Atualizado em: 06/11/2017 17:00:33

Baía de Todos os Santos é tema de pesquisa apoiada pelo CNPq

Atualmente, a Baía abriga o maior complexo petroquímico do hemisfério sul; indústrias associadas com produtos químicos, metais, alimentos e fertilizantes, além de grandes portos para exportação de produção nacional, explicou a professora.


Estudos brasileiros que buscam soluções para remediar áreas costeiras afetadas por derramamentos de petróleo e seus derivados, em particular na Baía de Todos os Santos (BA), resultaram em um capítulo em importante publicação internacional, o livro Oil Spill Environmental Forensics Case Studies (Estudos de Casos Forenses Ambientais de Derrames de Petróleo).

A obra, organizada pelos cientistas Scott Stout e Zhendi Wang, que reúne estudos de vários países, conta com o artigo Investigation of Hydrocarbon Sources and Biotechnologies Applications in Todos os Santos Bay, Brazl (Investigação de Fontes de Hidrocarbonetos e Aplicações de Biotecnologias na Baía de Todos os Santos, Brasil), de autoria de pesquisadores vinculados ao Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo do Instituto de Geociências (IGEO - Universidade Federal da Bahia - UFBA), incluindo bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

 

O estudo apresentado relata mais de uma década de trabalho do Grupo de Pesquisa "Remediação de Áreas Impactadas por Petróleo", credenciado pelo CNPq e liderado pela professora Olívia Maria Cordeiro de Oliveira, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq nível 2. O artigo é assinado, também, pelos pesquisadores Antônio Fernando de Souza Queiroz (bolsista PQ 2 do CNPq), Ícaro Thiago Andrade Moreira,  Danúsia Ferreira Lima (ex-bolsista do CNPq, no mestrado), Carine Santana Silva(bolsista de doutorado do CNPq) e a colombiana Claudia Yolanda Reyes.

 

Em 2015, esse grupo recebeu uma Menção Honrosa do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia, do CNPq/MCTIC, com o trabalho "Desenvolvimento de multibioprocesso de remedição aplicável em áreas costeiras impactadas por atividades petrolíferas ''dembpetro".

 

De acordo com a Olívia Oliveira, "o foco são estudos geoquímicos marinhos que embasam e fundamentam processos a fim de desenvolver bioprodutos de remediação, a nível laboratorial e de bancada", informa. E continua: "Espera-se que, se as técnicas biotecnológicas forem utilizadas de uma forma sequenciada, aumentará significativamente a degradação das diferentes concentrações e composições do petróleo, em menores tempos", conclui a professora.

 

 

A relevância dos estudos está no fato de levar em conta uma das mais importantes baias navegáveis da nossa costa tropica, a Baía de Todos os Santos (BTS). Além disso, ela está cercada por uma das maiores áreas metropolitanas do país, onde vivem cerca de 3,6 milhões de habitantes que desenvolvem atividades de pesca, culturais e desportivas, em meio a uma densa industrialização, que impacta na degradação dos ecossistemas costeiros.  

 

Atualmente, a Baía abriga o maior complexo petroquímico do hemisfério sul; indústrias associadas com produtos químicos, metais, alimentos e fertilizantes, além de grandes portos para exportação de produção nacional, explicou a professora.

 

Mais de dez anos de pesquisa

A  titulação "Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo" foi dada ao complexo instrumental/analítico do Laboratório de Estudos do Petróleo (LEPETRO) do Instituto de Geociências, em 2014, conta a professora, lembrando que as pesquisas que embasam a publicação começaram a ser desenvolvidas desde 2001 na infraestrutura laboratorial. 

 

Naquele ano, a viabilidade das pesquisas se consolidaram a partir da concessão de recursos para a execução de projetos, direcionadas para a área da Geoquímica do Petróleo, quando integrou cientistas das Regiões Norte-Nordeste e Sudeste, que estiveram reunidos entre 2001 e 2014 na Rede Cooperativa em Recuperação de Áreas Impactadas por Atividades Petrolíferas-RECUPETRO, custeada pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP-CT-Petro-CNPq), contando ainda com apoio financeiro da Petrobras.

 

A RECUPETRO reuniu mais de 200 pesquisadores de diversas instituições científicas e tecnológicas do país, o que favoreceu sua articulação em nível nacional e internacional. Em 2007, a Petrobras, reconhecendo a competência técnica do grupo de pesquisadores, do Instituto de Geociências da UFBA, apoiou a construção de um espaço que permitiu ampliar o parque analítico do núcleo, tornando-o um centro de apoio técnico e científico às atividades da empresa na Região Nordeste. Em 2009, o grupo foi credenciado junto à ANP, ratificando a competência relacionada com 'Temas Transversais', e evidenciando seu caráter multidisciplinar.

 

Em 2010, foi firmado um convênio para desenvolvimento do projeto 'Ampliação e Implementação de Infraestrutura do Laboratório de Estudos do Petróleo (LEPETRO), Região Nordeste do Brasil', permitindo ampliação da sua área física. Recursos oriundos de Projetos financiados pelo CNPq, a exemplo do 'Desenvolvimento de multibioprocesso de remedição aplicável em áreas costeiras impactadas por atividades petrolíferas 'DEMBPETRO' têm gerado pesquisas especializadas e direcionadas às temáticas de exploração e meio ambiente. Em 2011, foi firmado convênio para desenvolvimento do Projeto PETROTECMANGUE-BASUL. Tais projetos geraram dissertações de mestrado, teses de doutorado, livros, patentes e etc., a exemplo daquelas divulgadas no capítulo que será publicado.

 

Em 2014, foi assinado outro convênio para o desenvolvimento do projeto 'Formação do Centro de Excelência em Geoquímica do Petróleo do IGEO/UFBA-GEOQPETROL', que permitiu a ampliação de pesquisas na área de exploração, notadamente voltadas para os estudos geológicos, de geoquímica orgânica e da modelagem geoquímica de sistemas petrolíferos, em bacias sedimentares brasileiras.  Parte desses estudos tiveram uma vertente de investigação em parceria com o Centre for Offshore Oil and Gas Environmental Research (COOGER) do Governo Canadense, em forma de parceria estabelecida com fins de integração e cooperação técnica / acadêmica.

 

Fonte: Coordenação de Comunicação do CNPq com informações da UFBA